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Depressão, antidepressivos e Doença Inflamatória Intestinal

Postado por: Dra. Venina Barros 0 Comentario(s)
Depressão, antidepressivos e Doença Inflamatória Intestinal

Frolkis AD, Vallerand IA, Shaheen AA, et al.  A depressão aumenta o risco de doença inflamatória intestinal, que pode ser atenuada pelo uso de antidepressivos no tratamento da depressão. Gut 2018; doi: 10.1136 / gutjnl-2018-317182

A etiologia da doença inflamatória intestinal (DII) é incerta, mas pode surgir como consequência de uma resposta imune a um microbioma pró-inflamatório, em indivíduos geneticamente suscetíveis. Fatores de risco modificáveis para o desenvolvimento de DII incluem tabagismo, má alimentação e falta de exercício físico (Nat Rev Gastroenterol Hepatol 2015; 12: 205-217). Mais recentemente, a influência de distúrbios do humor na história natural do DII tem destacado o papel potencial das interações cérebro-intestino no desenvolvimento e propagação da inflamação nestas doenças (Gastroenterology 2018; 154: 1635-1646). A depressão é um distúrbio pró-inflamatório, que também pode ser influenciada pelo microbioma intestinal (Mol Psychiatry 2016; 21: 797-805). Assim, o gerenciamento proativo de transtornos de humor tem o potencial tanto para reduzir o risco de desenvolver DII, como para ter um efeito benéfico sobre a história natural da atividade da doença em pacientes com diagnóstico estabelecido.

Usando o Health Improvement Network (THIN), uma grande base de dados eletrônica baseada no Reino Unido de registros de atenção primária, Frolkis et al conduziram um estudo de coorte retrospectivo para determinar a associação entre antecedente de  depressão e um diagnóstico incidente de DII (Gut 2018; doi: 10.1136 /gutjnl-2018-317182). Os casos de depressão incidente tinham que corresponder a qualquer código para um transtorno depressivo, excluindo transtorno bipolar, e tinham que ter um washout por um período de 1 ano a partir da data de início no THIN, na qual nenhum  diagnóstico de depressão foi feito. Casos incidentes do DII tinham que ter três anos de dados no THIN antes do diagnóstico, sem história prévia de depressão, e  deveriam preencher pelo menos mais de um critério para DII com 4 semanas de intervalo.

Em uma população de estudo de quase 6 milhões de pacientes, com acompanhamento realizado durante um período médio de 6,7 anos, significativamente mais pacientes com depressão incidente desenvolveram a doença de Crohn (203 de 403.665 [0,05%] vs 1589 de 5,323,986 [0,03%]; P <0,0001) e colite ulcerativa (539 de 403.665 [0,13%] vs 4675 de 5.323.986 [0,09%]; P <0,0001) quando comparado com a coorte de referência. Após análise multivariada de regressão de Cox, a HR ajustada para o desenvolvimento da doença de Crohn nas coortes de depressão versus referência foi de 2,11 (IC95%, 1,65–2,70), com uma HR correspondente para desenvolver colite ulcerativa de 2,23 (IC 95%, 1,92-2,60). Em análise de sensibilidade, o uso de inibidores seletivos de recaptação de serotonina (HR, 0,63; IC95%, 0,50-0,78) e antidepressivos tricíclicos (HR, 0,77; IC95%, 0,61‐0,97) foram protetores contra o desenvolvimento da doença de Crohn e retocolite ulcerativa.

Comentário: Os resultados deste estudo destacam um efeito com impacto adverso do antecedente de depressão sobre o risco futuro de desenvolver DII e que o uso de antidepressivos pode melhorar este risco. A prevalência de DII varia de acordo com a região geográfica, mostrando um acentuado gradiente entre países ocidentais industrializados e em desenvolvimento, bem como quando se comparam áreas urbanas versus rurais. Estudos explorando tendências temporais mostraram que a incidência de DII continua a aumentar em muitas áreas do mundo, relatando maiores taxas de crescimento nas regiões que se tornaram mais industrializadas. Consequentemente, as DIIs são consideradas como doenças globais emergentes. A dor abdominal e pélvica pode simular problemas ginecológicos. Mulheres com endometriose podem ter um aumento de até 50% nas chances de desenvolver doenças intestinais como a doença de Crohn ou a retocolite ulcerativa, comparadas àquelas sem endometriose, de acordo com estudo de longo prazo publicado pelo periódico Gut. Este risco pode aumentar para 80% naquelas com endometriose verificada cirurgicamente.

 

David J.Gracie,Alexander C.Ford. Depression, Antidepressants, and Inflammatory Bowel Disease: Implications for Future Models of Care. https://doi.org/10.1053/j.gastro.2019.04.027

Fortuna, M., et al. "P214 Inflammatory Bowel Disease and Endometriosis: Is There a Relationship?" European Crohn's and Colitis Organisation, acessado em 07/05/2019

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